Carewashing: O que é e quais as consequências para as empresas
14 de Abril, 2025
Nos anos mais recentes, sobretudo desde a pandemia, o tema do bem-estar dos colaboradores passou a ser endereçado com maior preocupação e consistência em contexto organizacional.
Ao mesmo tempo, um estudo de 2024 da Gallup concluiu que a percentagem de profissionais que acreditam que a sua empresa se preocupa com o seu bem-estar desceu para menos de metade em relação ao ano de 2020 (de 49% para 21% dos inquiridos).
A verdade é que, enquanto muitas empresas se preocupam de forma genuína com o bem-estar dos seus colaboradores – e desenvolvem políticas intrinsecamente ligadas aos seus valores e cultura organizacional -, outras tendem a adotar um discurso ligado ao bem-estar que não se concretiza em medidas práticas.
Neste contexto, o conceito de carewashing tem emergido nas discussões sobre gestão de pessoas e benefícios para colaboradores. Descubra o que é e quais as suas consequências.
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O que é o carewashing?
O carewashing verifica-se quando existe uma discrepância entre as iniciativas e programas de bem-estar divulgados pela empresa e a realidade das condições de trabalho dos colaboradores.
As entidades empregadoras projetam uma imagem de preocupação com o bem-estar dos trabalhadores sem um verdadeiro compromisso com a implementação de medidas que o favoreçam – de forma relevante e sustentável.
Por exemplo, podemos considerar carewashing quando uma empresa disponibiliza programas de mindfulness ou aulas de ioga, mas, em paralelo, negligencia problemas sistémicos relacionados com cargas de trabalho excessivas, ambientes de trabalho tóxicos ou pouco inclusivos, práticas de gestão inadequadas, entre outros.
Consequências do carewashing para as empresas
O carewashing pode ter diversas consequências prejudiciais para as empresas.
1 – Erosão da confiança e da credibilidade
A existência de uma cultural organizacional transparente é algo muito valorizado pelos colaboradores, mas também por outros stakeholders como clientes, parceiros ou investidores, por exemplo.
O carewashing pode prejudicar a credibilidade da empresa e gerar algum ceticismo em relação à sua confiabilidade.
2 – Insatisfação e desmotivação dos colaboradores
Os colaboradores percebem rapidamente quando a teoria não corresponde à prática, ou seja, quando aquilo que é comunicado não se verifica na realidade.
Esta discrepância pode conduzir à insatisfação e desmotivação dos profissionais, que sentem que as suas expetativas foram defraudadas. Em última instância, podem verificar-se impactos significativos ao nível do desempenho e da produtividade.
3 – Desafios na retenção de talentos
As pessoas valorizam locais de trabalho saudáveis, que promovam o seu bem-estar. Quando isso não acontece, e as empresas falham em cumprir as suas promessas, é natural que os colaboradores procurem outras oportunidades.
O carewashing pode contribuir para aumentar o turnover, sendo que uma rotatividade elevada tem custos relacionados com o recrutamento e formação inicial de novos profissionais, mas também com a perda de conhecimento e talento qualificado.
4 – Riscos de reputação
No mundo atual, em que a informação se dissemina rapidamente, a reputação de uma empresa que pratica carewashing pode sofrer danos consideráveis.
Ficando associada a práticas negativas e pouco transparentes, a organização pode prejudicar a sua imagem pública e a sua marca. Por conseguinte, esses danos reputacionais podem influenciar a estabilidade do negócio, os resultados da empresa e a sua competitividade e atratividade.
Em suma, comunicar estratégias de promoção do bem-estar enquanto simples manobra de marketing trará às empresas inúmeras consequências negativas a longo prazo.
Ao invés, as organizações devem colocar intrinsecamente os seus colaboradores no centro das suas preocupações e moldar uma cultura organizacional autêntica, transparente e sustentável.