Work-life integration
Trabalho

Work-life balance e work-life integration: Qual a diferença?

14 de Dezembro, 2023

Para muitos profissionais de diversos setores de atividades, em particular aqueles que passaram a trabalhar em regimes remotos ou híbridos no contexto da pandemia, o trabalho e a vida pessoal estão mais interligados do que nunca.

Quando o nosso local de trabalho pode ser o nosso sofá ou a nossa mesa da cozinha, pode tornar-se mais difícil separar o plano pessoal do profissional e encontrar um equilíbrio entre ambos.

À medida que estes limites tendem a confundir-se cada vez mais, o conceito de work-life balance tem dado lugar a uma nova perspetiva denominada work-life integration. Venha descobrir connosco as principais diferenças. 

O que é o work-life balance?

O work-life balance é uma abordagem mais simples e linear, mas também mais rígida, à questão dos limites entre o tempo passado a trabalhar e o tempo dedicado à vida pessoal. Prevê que se dedique uma determinada parte do dia às tarefas e responsabilidades profissionais e outra parte aos compromissos pessoais, de forma compartimentada.

Na perspetiva do work-life balance, trata-se da capacidade que os trabalhadores devem ter de impor fronteiras claras entre o trabalho e tudo o resto fora dele, procurando que uma coisa não interfira da noutra.

No entanto, para muitas pessoas – dependendo da sua profissão, do seu modelo de trabalho, da fase de vida que atravessam, etc -, pode ser difícil demarcar as duas coisas de forma tão óbvia. Não só podem não conseguir desligar totalmente quando o horário de trabalho termina como, no sentido inverso, podem ter também de acomodar compromissos pessoais durante o horário laboral.

É no contexto destas especificidades que o conceito de work-life integration ganha força.

O que é o work-life integration?

Work-life integration refere-se, como o nome indica, a uma integração mais adaptável entre a vida pessoal e profissional. Ao invés de tentarem definir horas específicas para cada coisa – o que pode ser frustrante para pessoas cujas profissões não permitam ter o típico horário 9h-18h -, os trabalhadores assumem um compromisso que lhes permita coordenar responsabilidades profissionais e pessoais de forma mais flexível.

O equilíbrio é alcançado não pela divisão de horários, mas sim pela possibilidade que as pessoas têm de realizar as diferentes tarefas quando estas precisam de ser realizadas ou quando faz mais sentido realizá-las. Por exemplo, se o trabalhador precisar de ir ao dentista às 16h, pode sair do trabalho a meio de tarde e, quando regressar, pode ficar a trabalhar até às 19h para compensar. Ou se precisar de ficar a cuidar de um filho que está doente, pode ficar em teletrabalho.

Quando os profissionais sentem que têm esta flexibilidade e liberdade, é provável que sintam maior satisfação em todos os planos da sua vida, que os seus níveis de stress diminuam e que seu bem-estar aumente. Aliás, vários estudos indicam que as gerações Y e Z tendem a privilegiar esta integração mais flexível entre trabalho e vida pessoal ao invés de um equilíbrio mais rígido entre os dois planos.

Em suma, a perspetiva do work-life balance baseia-se na separação clara entre vida pessoal e profissional, enquanto o work-life integration assume que tarefas profissionais e compromissos pessoais possam ir ocorrendo de forma simultânea durante o dia, desde que isso seja razoável e saudável para o trabalhador.

Mas, então, como pode promover uma integração saudável entre as esferas pessoal e profissional na sua vida?

  • Considere as suas necessidades familiares, como ir levar e buscar os filhos à escola, ajudar os pais ou avós com determinadas tarefas, passear com o seu companheiro ou companheira, entre outras.
  • No trabalho, planeie as suas tarefas de forma realista, para que perceba qual a carga de trabalho de que vai ter no seu dia ou na sua semana. Isto vai ajudá-lo a coordenar os projetos profissionais com o tempo livre para atividades de âmbito pessoal.
  • Não tenha receio de definir limites, como por exemplo informar o seu chefe de que não pode participar numa reunião porque coincide com o horário de ir buscar o seu filho ou colocar o estado “ausente” quando já não vai responder a mais mensagens no chat da empresa/equipa. Estabelecer limites não deve significar que não faça o seu trabalho e que não seja produtivo e dedicado. Estes limites devem ser usados de forma apropriada, e com bom senso, para garantir que todos estão na mesma página em relação à sua disponibilidade e ao que funciona melhor para si.
  • Dedique tempo a atividades que lhe deem prazer, como passar tempo de qualidade em família, praticar um desporto, viajar, etc. É importante sentir-se realizado e cumprir os seus objetivos profissionais, mas é fulcral estar com as pessoas de quem gosta e não descurar da sua saúde, bem-estar e felicidade.
  • Use e abuse das suas férias, folgas e fins de semana, que lhe permitem repor as energias e sentir-se mais revigorado para dar o seu melhor nos dias de trabalho.
  • Num cenário ideal, encontre uma entidade empregadora cuja cultura organizacional vá ao encontro dos seus valores e daquilo que procura numa empresa (quer seja a possibilidade de trabalhar remotamente, horários flexíveis, ausência de pressão para trabalhar fora de horas, dias de férias extra, etc).


Alcançar um equilíbrio saudável entre a sua vida pessoal e profissional pode demorar o seu tempo. É um processo que exige adaptação, tanto da sua parte como da empresa na qual trabalha.

Além disso, work-life integration pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes e pode ir mudando à medida que as circunstâncias também se vão alterando.

Mas será mais simples a partir do momento em que conseguir perceber o que funciona melhor para si.